Muita gente precisa de abrigo. Guerras, eventos climáticos extremos, fome… Infelizmente estes eventos são frequentes e geram migrações em grande escala. Receber pessoas que estão em uma situação extremamente vulnerável é um desafio. Garantir conforto, bem-estar e acolhimento é uma questão humanitária. Hoje são cerca de 103 milhões de pessoas deslocadas no mundo, e as mudanças climáticas podem aumentar muito este número.
Habitações de emergência bem projetadas são fundamentais para garantir condições seguras e humanas para estas pessoas, até que elas tenham um novo lar definitivo ou voltem para seus locais de origem. A ideia de fornecer um abrigo lar sustentável, resistente e temporário levou ao desenvolvimento do projeto Essential Homes Research Project, uma parceria entre a Norman Foster Foundation e a Holcim, uma empresa suíça de materiais de construção.
O resultado é uma estrutura modular com baixo teor de carbono, eficiência energética e que pode ser reciclada novamente no final de seu ciclo de vida. O protótipo Essential Home já está pronto e pode ser visto na Bienal de Veneza até novembro.
“Desastres naturais e provocados pelo homem criam um êxodo contínuo de pessoas. Durante a Bienal de Veneza, mostramos nossa ideia, resultado de alguns meses de intensa atividade em colaboração com a Holcim. Dado que os refugiados podem passar até 20 anos nos chamados abrigos temporários, uma medida de sucesso a longo prazo seria a mudança de campos de refugiados para comunidades, de abrigos para casas”, explica o arquiteto Norman Foster.
O projeto nasceu para oferecer durabilidade, segurança, dignidade e bem-estar às comunidades deslocadas. De acordo com os idealizadores, o protótipo tem uma pegada de carbono 70% menor quando comparado a estruturas similares construídas especificamente.
A cobertura externa é feita de placas de concreto roláveis da Concrete Canvas. O material uma alternativa ao concreto vazado que é relativamente rígido, mas flexível o suficiente para assumir diferentes formatos. As placas são feitas com uma mistura de cimento de baixo carbono da Holcim que produz 20% menos CO2 e, no total, equivale a usar 95% menos material em geral do que o concreto sólido.
Uma alternativa mais durável pode gerar uma boa economia quando comparada a tendas convencionais, que não são resistentes e não possibilitam espaços com privacidade e proteção contra fatores externos.
Além disso, a unidade traz mais conforto térmico e acústico, melhorando a eficiência energética da casa, já que o piso é feito com tábuas Elevate da Holcim, que protegem contra infiltrações de água, e o telhado tem espuma Airium. A iluminação natural também esta presente com claraboias no telhado, ajudando a poupar energia.
O abrigo é construído sobre uma base feita com materiais reciclados de demolição de construção, como cimento, concreto e agregados, que ajudam a tornar a base mais resistente, eliminando a necessidade de escavar para fundações. Os materiais de demolição reciclados são obtidos usando o ECOCycle da Holcim — uma plataforma de tecnologia circular que a empresa espera que ajude a ampliar as práticas de construção circular.
Os abrigos são construídos em módulos e podem ser erguidos individualmente ou em grupo, formando unidades maiores para uso comunitário ou então em vilas com ruas e pátios, com unidades conectadas com caminhos feitos com concreto ECOPact , que contém agregados de absorção de luz que emitem luz durante a noite para torná-los mais visíveis.
“A natureza modular do projeto acomoda as necessidades crescentes de famílias de diferentes tamanhos. Quando reproduzidas lado a lado, a forma curva das casas forma áreas abertas entre elas, criando espaço público para todos”, conta Norman.
Quando os abrigos não forem mais necessários, a estrutura pode ser facilmente desmontada e reutilizada ou reciclada novamente em novos materiais.
O interior forrado de madeira é muito mais confortável que as tendas de lona ou outros abrigos para refugiados. Existem cápsulas de dormir para até seis pessoas, uma área de jantar com mesa e quatro cadeiras, bastante espaços de armazenamento, além de um pequeno chuveiro e área de preparação de alimentos do outro lado.
Via CicloVivo.